Corrimento: Guia Completo dos Tipos, Cores e Quando se Preocupar

Corrimento Vaginal Normal: O Que Toda Mulher Deve Saber

Revisado por: Denise Rodrigues, enfermeira especializada em Saúde da Mulher a mais de 15 anos.

O corrimento vaginal é uma secreção natural do corpo feminino, que pode variar em cor, consistência e volume ao longo do ciclo menstrual.

Este processo de secreção é fundamental para a saúde íntima da mulher, pois desempenha funções de proteção, limpeza e lubrificação da região vaginal.

No entanto, muitas mulheres ficam em dúvida sobre quando o corrimento é considerado normal ou quando ele pode ser indicativo de algum problema de saúde.

Neste artigo, vamos entender o que é o corrimento vaginal normal, as diferenças entre secreções naturais e patológicas, e como identificar os sinais que indicam a necessidade de uma avaliação médica.

O que é Corrimento Vaginal Normal?

O corrimento vaginal normal é uma secreção natural produzida pelas glândulas na vagina e no colo do útero. Ele serve para limpar, proteger e manter o equilíbrio da flora vaginal.

A quantidade, cor e consistência do corrimento variam de acordo com o ciclo menstrual da mulher e com o estado de saúde da região íntima.

Funções do Corrimento Vaginal Normal
  • Limpeza e Remoção de Impurezas
    O corrimento ajuda a eliminar células mortas da mucosa vaginal e a remover possíveis impurezas, como bactérias e restos de sangue menstrual, de forma a manter a região vaginal limpa e saudável.
  • Proteção contra Infecções
    Ele mantém o pH vaginal ácido, criando um ambiente hostil para a proliferação de microorganismos patológicos, como bactérias e fungos, que poderiam causar infecções.
  • Lubrificação
    O corrimento também é responsável por manter a região vaginal lubrificada, o que facilita as relações sexuais e previne irritações ou desconfortos.

Como o Corrimento Vaginal Normal Varia ao Longo do Ciclo Menstrual?

O corrimento vaginal normal passa por variações durante o ciclo menstrual, devido às mudanças hormonais que ocorrem ao longo do mês.

Essas mudanças afetam a quantidade, a cor e a consistência da secreção.

  • Fase Folicular (Dias 1 a 13)
    Durante a primeira fase do ciclo menstrual, o corrimento é geralmente mais leve, com consistência fina e cor levemente branca ou transparente. Nesse período, o muco cervical começa a se formar para preparar o corpo para a ovulação.
  • Ovulação (Dia 14)
    Na ovulação, o corpo produz mais muco cervical, que se torna mais transparente, pegajoso e elástico, similar à clara de ovo. Esse tipo de corrimento facilita a passagem dos espermatozoides para o útero, ajudando na fecundação.
  • Fase Lútea (Dias 15 a 28)
    Após a ovulação, o corrimento tende a ser mais espesso, de cor branca ou cremosa. A quantidade também pode ser maior devido ao aumento da produção de progesterona. Essa secreção protege o útero, caso a mulher engravide.

Características do Corrimento Vaginal Normal

Agora que entendemos as fases do ciclo, vamos detalhar as características do corrimento vaginal normal. Isso ajuda a identificar quando a secreção é dentro do padrão esperado para a saúde íntima.

Cor

O corrimento normal pode ser:

  • Transparente: geralmente ocorre durante a ovulação.
  • Branco ou leitoso: na fase lútea e antes da menstruação.
  • Levemente amarelado ou esbranquiçado: quando o muco seca na calcinha.
Consistência

A consistência do corrimento também varia ao longo do ciclo:

  • Fino e aquoso: na fase folicular e no final da ovulação.
  • Espesso ou cremoso: após a ovulação, na fase lútea.
  • Elástico e pegajoso: durante a ovulação.
Odor

O corrimento vaginal normal não deve ter odor forte. Ele pode ter um cheiro leve, que não deve ser desagradável nem interferir nas atividades diárias. Um odor forte e desagradável pode ser um sinal de infecção.

Quantidade

A quantidade do corrimento também varia:

  • Pode ser mais abundante durante a ovulação, e menos abundante durante as fases folicular e lútea.

Quando o Corrimento Vaginal Indica Problemas?

Embora o corrimento vaginal seja natural e essencial para a saúde, algumas alterações podem ser indicativos de problemas de saúde.

Se o corrimento se tornar muito diferente de seu padrão habitual, é importante ficar atenta aos sinais e procurar orientação médica.

 Sinais de Corrimento Patológico

Aqui estão alguns sinais que podem indicar que o corrimento vaginal não é normal e que é hora de consultar um ginecologista:

  1. Odor Forte e Desagradável
    Se o corrimento começa a ter um cheiro forte, especialmente odor de peixe, pode ser um sinal de vaginose bacteriana.
  2. Cor Alterada
    O corrimento com cor amarelada, verde ou acinzentada pode ser sinal de infecções, como vaginose bacteriana ou tricomoníase.
  3. Coceira, Ardência ou Irritação
    Sintomas como coceira e ardência na região vaginal podem ser indicativos de infecções fúngicas, como candidíase, ou outras condições de desequilíbrio vaginal.
  4. Corrimento com Grumos ou Textura Anormal
    Se o corrimento se tornar espesso, com textura semelhante a queijo cottage, isso pode ser um sintoma de candidíase vaginal.
  5. Dor ao Urinar ou Durante a Relação Sexual
    Dor ou desconforto ao urinar ou durante o ato sexual pode indicar infecções do trato urinário ou infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
  6. Aumento Subito do Volume do Corrimento
    Se você perceber que o corrimento aumentou de forma repentina e sem explicação, isso pode ser um sinal de infecção ou outras condições ginecológicas.

Outras Alterações Relacionadas ao Corrimento Patológico

Além das características descritas acima, outras condições podem alterar o corrimento vaginal:

  • Candidíase Vaginal
    Caracteriza-se por corrimento espesso, branco e com cheiro ácido. A candidíase é causada por um fungo que prolifera quando há desequilíbrio na flora vaginal.
  • Vaginose Bacteriana
    Causa um corrimento cinza ou amarelado, com odor forte de peixe. É causada pelo crescimento excessivo de bactérias no ambiente vaginal.
  • Tricomoníase
    Caracteriza-se por corrimento espumoso e de cor amarela ou verde. A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível e é causada por um protozoário.
  • Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)
    Infecções como gonorreia e clamídia também podem alterar o corrimento vaginal, tornando-o mais espesso, colorido ou fétido.

Diagnóstico e Exames Necessários

Se você perceber que seu corrimento está diferente, é essencial buscar um ginecologista para um diagnóstico preciso. O médico pode solicitar alguns exames para identificar a causa da alteração:

  • Exame Clínico e Histórico Médico
    O médico realiza uma avaliação detalhada sobre seus sintomas, hábitos e histórico de saúde.
  • Exame ao Fresco
    O corrimento é analisado ao microscópio para verificar a presença de bactérias, fungos ou outros microorganismos.
  • Teste de pH Vaginal
    A acidez do pH vaginal é medida para ajudar a determinar a causa do desequilíbrio.
  • Cultura Vaginal
    Pode ser realizada para identificar a presença de infecções bacterianas ou fúngicas.
  • Testes para ISTs
    Caso haja suspeita de uma infecção sexualmente transmissível, o médico pode solicitar exames para detectar gonorreia, clamídia, tricomoníase, entre outras.

Prevenção e Cuidados com o Corrimento Vaginal

Para manter o corrimento vaginal saudável e evitar problemas de saúde, é importante adotar alguns cuidados preventivos no dia a dia:

  • Higiene Íntima Adequada
    Use sabonetes íntimos neutros, sem fragrâncias fortes, para não alterar o pH vaginal.
  • Roupa Íntima de Algodão
    Prefira roupas íntimas de algodão, que permitem a ventilação e evitam o acúmulo de umidade.
  • Troque Absorventes com Frequência
    Troque absorventes e protetores diários a cada 4–6 horas para evitar que fiquem molhados por muito tempo.
  • Evite Duchas Vaginais
    As duchas vaginais podem alterar o pH da região vaginal e aumentar o risco de infecções. Mantenha a região limpa, mas sem agredir a flora vaginal.
  • Alimentação Balanceada
    Uma alimentação rica em fibras, probióticos e vitaminas fortalece o sistema imunológico e mantém o equilíbrio da flora vaginal.

Quando Procurar um Ginecologista?

Se você notar qualquer mudança no corrimento que dure mais de alguns dias ou venha acompanhada de sintomas como dor, coceira, ardência ou mau cheiro, é fundamental procurar um ginecologista.

O diagnóstico precoce de condições como infecções vaginais, ISTs ou outras doenças pode prevenir complicações e promover um tratamento eficaz.

Perguntas Frequentes – Corrimento Vaginal Normal

  1. Posso usar roupas íntimas coloridas ou só algodão branco?
    Tecidos escuros e tingidos podem liberar corantes que irritam a mucosa vaginal. Prefira algodão branco ou tonalidades claras, sem elásticos apertados.
  2. O corrimento piora com a alimentação?
    Sim. Dietas ricas em açúcar e alimentos ultraprocessados podem alterar sua microbiota e, indiretamente, o corrimento. Invista em frutas, fibras e probióticos.
  3. Exercícios intensos influenciam o corrimento?
    Atividades que geram muito suor podem aumentar temporariamente a umidade e o volume do corrimento. Troque a roupa íntima logo após a prática para manter a área seca.
  4. Estresse pode alterar meu corrimento?
    Sim. O estresse desequilibra hormônios e afeta o sistema imunológico, o que pode modificar o pH vaginal e o padrão de secreção.
  5. Corrimento transparente é bom sinal o tempo todo?
    Nem sempre. Se ele vier acompanhado de sensação de queimação, coceira ou edema, pode indicar início de infecção, mesmo sendo transparente.
  6. Fazer natação altera meu corrimento?
    Piscina com cloro e maiô úmido podem irritar a vagina e alterar momentaneamente o corrimento. Troque o traje assim que sair da água e enxágue-se bem.
  7. Menopausa muda totalmente meu corrimento?
    Na menopausa, a queda de estrogênio reduz muito o corrimento. A secreção pode ficar escassa e provocar secura, porém não é normal surgir corrimento patológico após a menopausa sem investigação.

Entender o corrimento vaginal normal é essencial para manter a saúde íntima em dia.

Mudanças no padrão do corrimento podem ser sinais de problemas de saúde, mas é importante lembrar que nem toda alteração é grave.

Manter uma boa higiene, monitorar as variações naturais ao longo do ciclo e buscar orientação médica quando necessário são passos importantes para garantir o bem-estar.

Fontes consultadas

  • Ministério da Saúde. Saúde da mulher: Corrimento vaginal. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-da-mulher
  • Manual MSD. Corrimento vaginal anormal – causas, sintomas e diagnóstico.
  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Bacterial Vaginosis. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/bv/
  • CDC. Trichomoniasis – STD Information. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/trichomonas/
  • American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Vaginal Discharge: What’s Normal? Disponível em: https://www.acog.org/womens-health/faqs/vaginal-discharge-what-is-abnormal
  • Biblioteca Virtual em Saúde (BVS/MS). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/

Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/